quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Capital Inicial

Capital Inicial é uma banda de rock nacional, nascida no começo dos anos 80 em Brasília, após o grupo Aborto Elétrico concluir as atividades, dando origem ainda à banda Legião Urbana.
Brasília, maio de 1983. Um grupo de jovens é preso por usar pulseiras de tachas e alfinetes, sob a justificativa destes acessórios serem armas potenciais. O contra-golpe veio no editorial do Fan Zine, em seu segundo número, escrito por um jovem que assinava apenas "Dinho". O Fan Zine apresentava outros temas, como a "Discografia básica da nova música", que incluía Sex Pistols, The Clash e Ramones, entre outros.
Na publicação, lia-se um pequeno cenário do punk rock de Brasília (com letras do Aborto Elétrico e Plebe Rude), quadrinhos, poesias e textos de diversos colaboradores. A atitude deste grupo que exibia seus pensamentos através da música, de fanzines e de seu estilo, pode ser caracterizada pela música "Geração Coca-Cola", de Renato Russo, como fez Jamari França em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 12 de novembro de 1984: "Depois de 20 anos de escola / não é difícil aprender / todas as manhas deste jogo sujo / não é assim que tem que ser? / vamos fazer nosso dever de casa / aí então vocês vão ver / suas crianças derrubando reis / fazer comédia no cinema com suas leis. / Somos os filhos da revolução / somos burgueses sem religião / somos o futuro da nação / Geração Coca-Cola".
O conjunto foi primeiramente formado em 1982 pelos irmãos Flávio (baixo) e Fê Lemos (bateria) ex-componentes do Aborto Elétrico, ao lado de Renato Russo, Loro Jones (guitarra), proveniente da banda Blitz 64, com mais uma garota nos vocais, logo depois substituída por Dinho Ouro Preto, em 1983, após um estágio do mesmo como baixista da banda "dado e o reino animal" (assim mesmo, com letras minúsculas), onde também tocavam Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, entra para os vocais. A banda surgiu com um estilo que mistura rock, pop, new wave e pós punk.
Em julho estréiam em Brasília, tocando em seguida em São Paulo (SESC Pompéia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). Aliás, esta foi uma das características marcantes do início da carreira: as constantes viagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock brasileiro.
Em 1984, o ritmo cada vez maior de viagens indica a necessidade de estarem mais próximos do seu principal mercado, as regiões Sudeste e Sul. No final do ano assinam seu primeiro contrato fonográfico, com a CBS (atual Sony), e se mudam para São Paulo no início de 1985.
A seguir, em seguida, lançam seu primeiro disco em vinil, o compacto duplo Descendo o Rio Nilo/Leve Desespero. No mesmo ano, integram o elenco da trilha sonora do primeiro "filme-rock" brasileiro: Areias Escaldantes, de Francisco de Paula, ao lado de Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão e os Ronaldos, Ira! e Lulu Santos.
O primeiro LP, Capital Inicial, já pela Polygram, foi lançado em 1986 e recebeu ótimas críticas. O jornalista Mário Nery no caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, em 29 de julho de 1986 faz a seguinte crítica: "Um rock limpo, vigoroso, dançante e sobretudo competente, a quilômetros de distância da mesmice que assaltou a música pop brasileira nos últimos tempos". O álbum trazia músicas como "Música Urbana", "Psicopata", "Fátima", "Veraneio Vascaína" (censurada pela Polícia Federal), "Leve Desespero" entre outras, e levou o Capital Inicial ao seu primeiro Disco de Ouro (“Música Urbana" e "Fátima", compostas em parceria com Renato Russo).
Em 1987, contando com o tecladista Bozzo Barretti em sua formação, o Capital Inicial lança seu segundo disco, Independência, emplacando "Prova", "Independência", a regravação de Descendo o Rio Nilo, e conquista o segundo Disco de Ouro. Neste ano, eles são convidados para abrir os shows da turnê do cantor inglês Sting em São Paulo (Estacionamento do Anhembi), Rio de Janeiro (Maracanã), Belo Horizonte (Estádio Independência), Brasília (Estádio Mané Garrincha) e Porto Alegre (Estádio Beira Rio).
Você Não Precisa Entender chega às lojas de todo o país em 1988, com mais hits: "A Portas Fechadas", "Pedra na Mão" e "Fogo".
1989 marca o lançamento de Todos os Lados, com destaque para as faixas "Todos os Lados", "Mickey Mouse em Moscou" e "Belos e Malditos". Em 1990 participam do festival Hollywood Rock, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Eletricidade, lançado em 1991, marca o início de mudanças no Capital Inicial, começando pela gravadora. O álbum, lançado pela BMG, trazia uma versão para "The Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro", e composições como "Kamikaze" e "Todas as Noites". Neste mesmo ano, participam da segunda edição do festival Rock in Rio.
Em 1992, Bozzo Barretti larga o grupo, e em 1993, divergências musicais e pessoais levam Dinho Ouro Preto a seguir carreira solo. Ao longo da década, o Capital Inicial fez bastante sucesso, mas no início dos anos 90, entrou em crise pela baixa venda de discos além da desarmonia, já mencionada entre os integrantes.
Ao mesmo tempo, o Capital Inicial, agora com o santista Murilo Lima (ex-banda Rúcula) nos vocais, lança Rua 47 (94) e Ao Vivo (96), o primeiro pela Qualé Cumpadi Records, gravadora independente que a banda monta, e o segundo pela Rede Brasil Discos, atual Alpha Discos. Durante os próximos 5 anos a banda praticamente desaparece da mídia, levando muitos a acreditar que a banda tinha acabado. Mas a verdade é que a banda nunca parou de excursionar e fazer shows, e se manteve ativa numa época de baixa do rock brasileiro.
São Paulo, março de 1998. Amadurecidos, depois do lançamento, pela Polygram, do CD O Melhor do Capital Inicial, da firme execução de suas músicas pelas maiores emissoras de rádio, além da ajuda dos fãs - que sustentaram o Capital Inicial com seu apoio - seus quatro componentes originais decidem retornar aos palcos.
Dinho Ouro Preto, Loro Jones, Fê e Flávio Lemos retornam à estrada com um novo show, uma celebração aos 15 anos da banda e aos 20 anos do surgimento do rock candango. O repertório traz hits, faixas pouco conhecidas e composições de bandas que fizeram parte da cena de Brasília nos anos 80, como Plebe Rude, Legião Urbana e Finis Africae.
Em Julho do mesmo ano a banda firma contrato com a gravadora Abril Music, e em Setembro vai para Nashville no Tennesse, EUA, onde gravam Atrás dos Olhos. Este trabalho é produzido por David Zá, que entre tantos trabalhou com estrelas como Prince e Billy Idol. As canções mais executadas desse disco foram "O Mundo" de Pit Passarel, ex-guitarrista da banda Viper e amigo da banda, "1999" e "Eu Vou Estar". Todos esses sucessos tiveram videoclipes com grande repercussão junto ao público da MTV, sendo que "O Mundo" competiu por cinco prêmios no MTV Awards Brasil de 99.
Este mesmo ano de 98 observa-se ainda o lançamento de mais duas coletâneas pela Universal (ex - Polygram): um CD da série Millenium, com 20 canções retiradas dos quatro primeiros LP’s, e um CD de músicas da banda remixadas por produtores e DJs ilustres do Brasil. Infelizmente esta mesma gravadora reluta ainda em relançar os discos originais, apesar do certo dano que tal atitude traz à banda, além de desagradar dos fãs.
O ano de 1999 é exclusivo à turnê brasileira, e ao longo dos shows a banda, além de antigos fãs, encontra uma nova platéia: os jovens que não tinham conhecimento de suas primeiras obras. Então nasce a idéia de um disco ao vivo que junte novas e velhas músicas. Ligeiramente ela se transforma na concepção de um Acústico, em sociedade com a MTV.
O último ano do século 20 começa com a banda se organizando para gravar o Capital Inicial - Acústico MTV, que acaba ocorrendo em Março. O disco é lançado dia 26 de Maio, e a primeira tiragem logo se esvai nas principais lojas do país. O primeiro sucesso escolhido para tocar nas rádios, "Tudo Que Vai", de Alvin L. e Dado Villa-Lobos, é amplamente absorvido por todo o Brasil, e a banda vê reconhecido o seu esforço em fazer um disco acústico de rock simples, despojado, mas com o mesmo estilo dos seus melhores discos.
Em 2002, em seguida a turnê "desplugada" o Capital retorna com energia total às guitarras com um CD totalmente rock n' roll. Com Yves Passarell adquirindo o posto de guitarrista, é lançado Rosas e Vinho Tinto. Os sucessos: "À sua maneira" e "Mais" estouram nas rádios e o disco logo consegue a marca de 200.000 cópias comercializadas.
Em 2004 a banda lança o CD Gigante!. Em 2005, a banda alcança uma antiga aspiração: regravar antigas e inéditas músicas do Aborto Elétrico, grupo punk de Brasília, composto por Renato Russo e os irmãos Fê e Flávio Lemos, que originaram a Legião Urbana e o Capital Inicial, no CD: MTV Especial: Aborto Elétrico.
Recentemente, o Capital continua lançando discos. Em 2007, veio Eu Nunca Disse Adeus. Neste álbum destaque para as faixas, "A Vida É Minha", "Eu e Minha Estupidez", "Aqui", e o primeiro single "Eu Nunca Disse Adeus". Dinho Ouro Preto teve um acidente em 2009 (queda do palco que ocasionou traumatismo cranianano e fratura na costela). Quando voltou foi preparado o novo álbum e Das Kapital foi lançado em 2010. Os singles dessa fase são: "Depois da Meia-Noite", "Vivendo e Aprendendo" e "Como se Sente".
O mais recente álbum da banda se chama Saturno e foi lançado em 2012. As principais músicas são "O Lado Escuro da Lua" e "Saquear Brasília" e "O Bem, o Mal e o Indiferente".

Discografia (em ordem decrescente)

Capital Inicial (Polygram, 1986)

Independência (PolyGram, 1987)

Você Não Precisa Entender (PolyGram, 1988)

Todos os Lados (PolyGram,1989)

Eletricidade (BMG, 1991)

Rua 47 (Qualé Cumpadi Records, 1994)

Atrás dos Olhos (Abril Music, 1998)

Rosas e Vinho Tinto (Sony BMG, 2002)

Gigante (Sony BMG, 2004)

MTV Especial: Aborto Elétrico (Sony BMG, 2005)

Eu Nunca Disse Adeus (Sony BMG, 2007)

Das Kapital (Sony Music, 2010)

Saturno (Sony Music, 2012)

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