quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Lobão

Lobão nasceu em 1957, no Rio de Janeiro, filho de uma professora de inglês e um mecânico. Pelo lado paterno Lobão é descendente de holandeses. Ele foi casado quatro vezes, e tem uma filha. Também tem uma irmã caçula. Segundo o próprio cantor, o apelido "Lobão" surgiu ainda na escola, devido a ser guloso e à mania de se vestir com um macacão de jardineiro preso por um alça só.
Na vida pessoal, Lobão teve problemas no relacionamento com os pais. Foi expulso de casa pelo pai, aos 19 anos. Levou um cruzado na cara e rebateu com o violão, despedaçando-o inteiro em cima do pai (“...Só sosseguei quando não havia mais violão para continuar batendo.”). Depois disso, a relação dos dois ficou suspensa, “num limbo relacional”. Muitos anos mais tarde, eles tiveram uma bela tarde de sábado juntos. Logo depois, o pai se matou, envenenado. Lobão também carregaria a culpa pela morte da mãe. Após uma discussão, ela (bipolar) parou com os remédios que tomava três vezes por dia — “uma forma sutil e profissional de se matar”, como ele diz. A mãe deixou uma carta responsabilizando-o por sua morte.
Lobão aprendeu a tocar violão e bateria na juventude e aos 17 anos sai da casa dos pais no Rio de Janeiro para virar músico profissional, participando de uma peça com Marília Pêra e logo depois se associando em São Paulo à banda Vímana, ao lado de Lulu Santos, Ritchie, Luis Paulo e Fernando Gama. O Vímana durou três anos e lançou um compacto de rock progressivo chamado Zebra.
Após o término do grupo, Lobão permaneceu como baterista profissional, tocando com Luís Melodia, Walter Franco e Marina Lima. Em 1980 participa da primeira formação da Blitz de Evandro Mesquita e Fernanda Abreu, retirando-se do grupo antes do sucesso por discordar da postura new-wave da banda, antes mesmo do sucesso comercial.
Lobão já havia se decidido a sair da Blitz. Porém, tinha de algum modo, abrir caminho pra sua carreira solo. Ficou sabendo que a banda seria entrevistada por uma revista de grande circulação. Então fingiu que continuaria como baterista da Blitz só para sair na capa. A entrevista já estava agendada, ele falou pelos cotovelos, chamou a maior atenção.
Em seguida, com a revista debaixo do braço e a fita de Cena de Cinema nas mãos, foi bater à porta da gravadora. Vinte minutos depois, já tinha assinado contrato para a carreira solo. Saiu chamuscado da Blitz — e riscado da capa do disco da banda. O que acontece foi que a gravadora da Blitz não quis que os integrantes do grupo lançassem álbuns solos e como Lobão já tinha o disco pronto não quis abrir mão do mesmo.
Finalmente, lança o primeiro disco solo, Cena de Cinema que começou como uma precária fita cassete que chegou à Rádio Fluminense. Tanto sucesso fez que a RCA Victor a comprou e a lançou comercialmente. O destaque vai para a faixa que dá nome ao disco.
Monta em 1984, um grupo denominado LOBÃO E OS RONALDOS que fez shows em Nova York. O grupo tinha na sua formação a cantora e tecladista holandesa Alice Pink Pank, ex - Gang 90 e Absurdetes, além de Guto Barros, guitarrista e um dos fundadores da Blitz. E lança no mesmo ano Ronaldo Foi pra Guerra, com o sucesso "Me Chama". Apesar do estrondoso sucesso de "Me Chama", a banda tem uma vida curta. Outro sucesso importante do disco foi a música “Corações Psicodélicos”.
Lobão segue carreira solo mantendo alta rotatividade na mídia e no ano seguinte, lança sozinho Decadence Avec Elegance com o sucesso homônimo.
Volta à cena em 86 com O Rock Errou, um álbum em que critica a carência de originalidade do rock, e seduz Elza Soares a gravar uma faixa no disco. Despontam desse disco hits como "Revanche". Desse disco também vieram “Noite e Dia” e “Canos Silenciosos”. O último reaproveitado no próximo disco.
Em 1987, Lobão passa um ano na cadeia por porte de drogas. É no local que ele prepara o disco Vida Bandida, que faz enorme sucesso com os hits “Vida bandida”, “Canos silenciosos” e “Vida Louca Vida”. Lobão não gostou do sucesso que esse disco lhe gerou, pois achou oportunista sua ida para a cadeia que fez brotar o interesse do público na sua pessoa. Outras músicas de sucesso foram “Blá Blá Blá... Eu Te Amo (Rádio Blá)” e “Chorando no Campo”.
Depois de sair da cadeia passa a visitar a quadra da Mangueira e se interessar mais por samba e carnaval. Em 1988 seu álbum Cuidado! que mistura samba e rock, não é bem recebido. Músicas de sucesso do álbum foram “Cuidado”, “É Tudo Pose” e “Por Tudo Que For”.
Realizou a primeira reunião de música pop e samba chamando a bateria da Estação Primeira de Mangueira para participar de seu disco e de seus shows. Nos anos 90, participa de festivais como o Hollywood Rock, onde foi uma das maiores atrações, e o Rock In Rio II, onde levou uma vaia histórica.
Em 1989 lança Sob o Sol de Parador com um sucesso de mesmo nome. Desse disco também podemos citar como importantes as músicas “Essa Noite, Não (Marcha a Ré em Paquetá)” e “Azul e Amarelo”. A última uma última parceria com seu amigo Cazuza.
Lança o disco Vivo! em 1990 que é a gravação de seu show no Festival Hollywood Rock (estádio do Morumbi-SP) que foi um dos eventos musicais com muito público. Nesse show cantou grandes sucessos da carreira.
Encerra seu contrato com a BMG com O inferno é fogo de 1991. Teve como principais sucessos a balada "Sem Você Não Dá", o rock "Presidente Mauricinho" (canção direcionada ao então Presidente da República Fernando Collor) e o funk-rock "Jesus não Tem Drogas no País dos Caretas", cujo título alude ao nome do quarto álbum dos Titãs.
Depois de um acidente de moto, fica quatro anos sem compor apenas estudando violão clássico, revivendo a adolescência. Em 1995 volta a compor e lança Nostalgia da Modernidade iniciando uma trilogia que engloba música eletrônica, rock’n’’roll, samba e bossa nova. Do primeiro disco da trilogia destaca-se “A Queda” e a faixa título.
Em 1998 lança o disco Noite centrado basicamente em música eletrônica e com o sucesso “Noite” e em 1999 fecha a trilogia com A Vida é Doce. Do último destacaram-se as músicas “El Desdichado II“, “A Vida é Doce” e “Vou te Levar”.
Suas atitudes polêmicas voltariam a ter evidência em 1999, a primeira grande mudança na vida do artista que em mais uma atitude polêmica briga com as gravadoras e se torna independente. Desse jeito lança seu disco A Vida É Doce nas bancas de jornal sites da internet e megastores como pontos de venda, numerando os CDs e desvinculando o lançamento das grandes gravadoras. Alcança assim uma grande vendagem, se tornando um ícone da música independente no Brasil.
Participa de grandes festivais independentes como Porão do Rock (Brasília), Fórum Social Mundial (Porto Alegre), Abril Pro Rock (Recife) e Goiânia Noise, além de dar início a uma produtiva turnê de mais de trezentas palestras em universidades e rádios comunitárias do Brasil.
Lobão repete o feito em 2001, lançando o cd “Lobão 2001 – Uma Odisséia no Universo Paralelo”, com o hit “Universo Paralelo” em um show exibido pelo canal Multishow tornando assim a marca Universo Paralelo, reconhecida no mercado fonográfico como um dos marcos do mercado independente brasileiro.
Após o sucesso da vendagem e de crítica com seus discos independentes volta a se destacar como agitador cultural em 2003, lançando a revista “OutraCoisa”, em parceria com a L& C Editora. A revista traz participações de grande artistas e pensadores de nossa cultura contemporânea e lança um disco de artista independente a cada número com textos de José Celso Martinez, Angeli , Laerte, Adão Iturrusgarai , Marta Medeiros, entre muitos outros. Encerrou atividades em 2008. Mas lançou trabalhos importantes de BNegão, Cachorro Grande, Monbojó e Vanguart. Segundo Lobão, a revista encerrou suas atividades pelo fato do surgimento de uma lei, que não permitia a venda de CDs com revistas.
Seu último disco de estúdio, “Canções dentro da noite escura”, lançado em 2005, foi também lançado pela revista com tiragem inicial de 21.000 exemplares. Destaques para "Você e a Noite Escura", "A gente Vai se Amar", "Quente", "Pra Sempre Essa Noite".
Em abril de 2007, lançou o álbum “Acústico MTV” que foi premiado com o prêmio Grammy Latino na categoria melhor disco de rock, e como o próprio Lobão caracterizou, foi uma seleção "parcial" de sucessos do músico, contando, inclusive, com a participação especial do grupo cachorro Grande, lançado na OutraCoisa, na música “A Gente Vai se Amar”.
No final de 2010, o cantor lançou sua biografia “50 anos a mil” com o jornalista Cláudio Tognolli. O livro conta histórias inéditas e conhecidas sobre a vida do músico, além da letra de duas novas canções, “Song for Sampa”, em homenagem a São Paulo e “Das Tripas, Coração”, em homenagem a seus amigos Júlio Barroso, Cazuza e Ezequiel Neves. Também conta suas histórias da juventude e suas mais loucas experiências como músico.
Junto com seu livro, Lobão, em parceria com a Sony Music, montou um box com três CDs mais o DVD do “Acústico MTV” contendo as canções mais significativas dos 10 primeiros anos de sua carreira, todas as músicas escolhidas por ele e remasterizadas pelo produtor americano Roy Cicala, famoso por trabalhar com grandes nomes do rock mundial, como John Lennon e Jimmy Hendrix.
Em meados de 2011, prestes a completar um ano de lançamento, 50 Anos a Mil chegou a marca de 100 mil exemplares vendidos. No mesmo ano, Lobão excursionou com a turnê "Elétrico 2011", que gerou o CD E DVD “Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal” (Ao Vivo em SP), gravado em outubro de 2011, no Citibank Hall, em São Paulo. O registro foi lançado e distribuído pela Deckdisk no final de 2012.
Em 2012, começou a escrever um novo livro, intitulado “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”, lançado em 2013. No livro, o autor aborda o "estado de paralisia" em que se encontra o Brasil. Lobão leva o leitor a pensar por conta própria e prova ser possível – e necessário – divergir com elegância. Do seu ponto de vista original, Lobão traça uma jornada tragicômica pela estética e a política do Brasil contemporâneo.

DISCOGRAFIA

Cena de Cinema (Bmg,1982)

Lobão e os Ronaldos (BMG, 1984)

Decadence avec Elegance (single) (BMG, 1985)

O Rock Errou (BMG, 1986)

Vida Bandida (BMG, 1987)

Cuidado! (BMG, 1988)

Sob o sol de Parador (BMG, 1989)

Vivo! (BMG, 1990)

O inferno é fogo (BMG, 1991)

Nostalgia da Modernidade (Virgin, 1995)

Noite (MCA Records, 1998)

A Vida É Doce (Universo Paralelo, 1999)

Lobão 2001_ Uma Odisséia no Universo Paralelo (Universo Paralelo, 2001)

Canções de uma noite escura (Universo Paralelo, OutraCoisa, 2005)

Acústico MTV (Universo Paralelo, Sony BMG, 2007)

Box – 81 – 91 + DVD Acústico MTV (Sony Music, 2010)

Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal (Universo Paralelo, Deckdisk, 2012)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Legião Urbana

Brasília, meados de 1978, princípio do processo de abertura política que colocou término na ditadura militar. Aos 16 anos, Felipe Lemos, filho de um professor da Universidade de Brasília, retornara da Inglaterra com os pais para residir num conjunto de quatro edifícios com paisagem para o Lago Norte, designado de Colina. Os apartamentos eram amplos e serviam de casa para os professores.
Numa noite, uns amigos levaram Fê a uma festa onde o som tocava canções do Sex Pistols, Ramones e The Clash. Esperando descobrir quem era o possuidor dos discos, Fê foi apresentado a um cara diferente, que usava camisa social e andava segurando uma capanga numa mão e um guarda-chuva na outra. Era Renato Russo, que logo estava enturmado na Colina, aonde viria a se constituir o maior núcleo dos grupos de Brasília.
Renato Russo respirava música. Seu quarto era um festival com mais de 500 pôsteres. Tinha tanta coisa pra ver que quem entrava ficava horas olhando pras paredes. Havia também uma enorme quantidade de discos e livros e um aparelho de som com quatro caixas. Renato era do tipo aglutinador. Ligava para todos da turma, marcava as reuniões, tinha opiniões para atividades em grupo e quando começava a falar era complicado terminar. Muito bem informado, tinha uma cultura grande e gostava de projetar o futuro de sua própria existência.
Em 1978, Renato também conheceu André Pretorius, que percorria a capital com um visual punk e era filho de um diplomata na África do Sul. Pretorius e Fê haviam acertado de montar uma banda com André Muller, que estava residindo na Inglaterra. Mas Renato antecipou o ocorrido e chamou Fê e Pretorius para constituir um grupo com ele no baixo, Fê na bateira e Pretorius na guitarra.
"A gente tava na Colina sentado no chão, pensando qual seria o nome da nossa banda. Eu tava com um negócio de elétrico na cabeça e alguém falou comigo tijolo elétrico. Aí o André Pretorius falou: não, Aborto Elétrico", recorda Fê. E Renato começou a compor o repertório da banda. Estava pronta a "mãe" de todas os conjuntos musicais de Brasília.
Os ensaios do Aborto Elétrico eram na Colina. O primeiro show foi em 1980, no centro mercantil Gilberto Salomão, num bar chamado Só Cana, e foi instrumental pois Renato não cantava. Foi o primeiro e único show do Aborto Elétrico com Pretorius na guitarra. Ele foi para a África do Sul chamado pelas forças armadas de lá, envolvidas na manutenção do Apartheid. Alguns anos mais tarde, em entrevista à Sônia Maia na revista Bizz, Renato disse que o Aborto Elétrico acabou virtualmente quando Pretorius foi para a África do Sul.
A seguir, outras pessoas nos calços do Aborto Elétrico, montariam grupos, explodindo o fenômeno do rock de Brasília. Flávio Lemos, irmão de Fê o substituiu no baixo e Renato assumiu a guitarra. Os ensaios ocorriam na nova casa de Fê e Flávio no Lago Norte. Essa alteração do local dos ensaios para o Lago Norte, também determina o início do término da turma da Colina.
Renato sempre chegava com idéias de letras raivosas e radicais nos acordes de sua guitarra, falando até de morte. Renato era um catalisador de angústias na sua poesia, apesar de ser terno e afetuoso no cotidiano. Ainda em 1980, Pretorius retornou para férias em Brasília e participou de ensaios importantes para concepção de "Música Urbana", "Que País É Este", "Veraneio Vascaína" e "Conexão Amazônica", todas canções que teriam grande impacto no rock brasileiro. Em 1985, contudo André Pretorius faleceu de overdose nos Estados Unidos.
O auge do Aborto Elétrico aconteceu em 1981. Foram vários shows com outras novas bandas de Brasília, todas originárias de alguma forma da Colina. No meio do ano Ico Ouro Preto assumiu a guitarra do Aborto Elétrico e Renato passou a se ocupar apenas dos vocais. O cantor, compositor e ex-guitarrista do Aborto Elétrico, Renato Russo, vivia falando de como seria sua carreira numa banda de rock. O grupo estava em plena atividade nas festinhas, nos colégios, e em festas de aniversário. Mas para Renato era pouco.
O fim do Aborto Elétrico aconteceu em março de 1982. Na BIZZ, ainda falando à Sônia Maia, Renato disse que o grupo terminou numa briga por causa da música "Química", um dos primeiros clássicos da Legião Urbana. Segundo Renato, Fê lhe disse que "Química" era muito ruim e o acusou de ter perdido o jeito de fazer música. Renato respondeu que Fê só queria ficar fazendo camiseta e pediu o boné. Fê Lemos concorda que foi esse o momento de ruptura, mas o clima entre os dois não estava bom já havia algum tempo.
Aconteceram outras brigas entre Fê e Renato. Uma delas foi no primeiro aniversário da morte de John Lennon, um dos grandes ídolos de Renato. "Fomos fazer um show numa cidade satélite e o Renato tava super sentido. Eu fiquei com ciúmes. Quando ele errou uma música, atirei uma baqueta nele e acertei na cabeça. Ele me olhou com uma cara horrível e sumiu depois do show. Aí saquei o que eu tinha feito. Fui pra casa dele e só faltou me jogar aos seus pés. Era uma amizade muito forte, tinha um quê de mágico, porque nos conhecemos através dos discos de punks".
Renato Russo e Fê Lemos tinham 22 e 20 anos, respectivamente. Até aquele momento eram os principais líderes da turma de Brasília, os fundadores do Aborto Elétrico, a primeira banda punk da cidade, os aglutinadores do movimento. Mas o fim do Aborto Elétrico mudou destinos e separou os amigos em banda diferentes. Mesmo sem Renato Russo, Fê tentou manter o Aborto Elétrico. Afinal, eles já tinham uma certa fama no circuito alternativo de Brasília. Como numa despedida oficial, Fê chamou Renato para uma última apresentação com o grupo. Renato foi e o Aborto Elétrico teve a sua derradeira aparição. Seis meses depois Fê foi convidado para entrar no Capital Inicial. Flávio foi com ele.
Era 1982 e a semente lançada em Brasília pelo Aborto Elétrico havia gerado muitos frutos em forma de bandas de punk rock. Com o fim do Aborto Elétrico, Renato intitulou-se O Trovador Solitário e, com um violão, tocava abrindo shows de outros grupos locais e apresentando novas composições, como "Faroeste Caboclo". Mas Renato não queria seguir sozinho. Ele achava que era importante ter uma banda no mundo do rock.
Nesse mesmo ano, Renato formou a Legião Urbana que permaneceu ativa de 1982 a 1996. Ela se tornou um dos maiores sucessos musicais do país, somando um total de mais de 15 milhões de discos vendidos. Até hoje, a Legião Urbana é a banda de rock brasileira que mais vendeu, sendo a única que ainda possui todos os seus discos em catálogo à venda. O estrondoso sucesso mesmo depois do fim da banda aliado ao culto ao seu líder, Renato Russo, só fez aumentar o mito em torno dela.
Formada no início dos anos 80 após a dissolução do Aborto Elétrico, tinha como principal figura, o vocalista Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo (1960-1996), que foi o mentor da banda junto com o baterista Marcelo Bonfá. O primeiro show da Legião Urbana aconteceu no dia 05 de setembro de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas, e esse foi o único show em que a banda apareceu com a sua primeira formação, que tinha: Renato Russo (vocalista e baixista), Marcelo Bonfá (baterista), Paulo Paulista (tecladista) e Eduardo Paraná (guitarrista).
A banda foi uma dos nove atrações do festival Rock no parque, realizado na cidade de Patos de Minas em 05 de setembro de 1982.Na verdade, a Cadoro Promoções - empresa responsável pela produção do festival - tinha contratado o Aborto Elétrico e até impresso centenas de cartazes com o nome da band formada por Renato Russo, Fê Lemos e André Pretorius. Mas como o grupo tinha acabado, Renato convenceu o dono da produtora, Carlos Alberto Xaulim, a se apresentar com banda que tinha acabado de formar com o baterista Marcelo Bonfá.
Após este show, Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixam a Legião Urbana. O próximo guitarrista seria Ico Ouro-Preto, mas é logo substituído por Dado Villa-Lobos, que assume a guitarra da Legião em março de 1983. Observação: Ao contrário do que muitos dizem, o guitarrista André Pretorius nunca tocou na Legião Urbana, ele só fez parte da banda Aborto Elétrico.
No dia 23 de julho de 1983, a Legião faz no Circo Voador, Rio de Janeiro, um show que mudaria a história da banda. Após a apresentação a banda é convidada a gravar uma fita demo com a EMI.
Em 1984 começa a gravação do primeiro disco, que foi lançado no dia 1° de Janeiro de 1985. O baixista Renato Rocha, amigo de Marcelo Bonfá, tocou com o trio nos três primeiros álbuns, mas deixou a banda devido a desentendimentos com os outros membros.
Lançado no dia 1º de janeiro de 1985, pela EMI, o primeiro álbum da banda: Legião Urbana, é extremamente politizado, com letras que fazem críticas contundentes a diversos aspectos da sociedade brasileira. Paralelamente, possui canções de amor que foram marcantes na história da música brasileira, como "Será", "Ainda é cedo", “Geração Coca-Cola” e "Por Enquanto", que é considerada como sendo "a melhor faixa de encerramento de um disco".
Foi lançado em 1986, o álbum: Dois. É o segundo album mais vendido da banda, com mais de 1,2 milhões de cópias. Esse disco é um dos mais importantes da história do rock brasileiro. As principais músicas do disco são: ”Quase sem querer”, “Eduardo e Mônica”, “Tempo perdido” e “Índios”.
O terceiro e importante disco do Legião Urbana: Que país é este chega às lojas. Das nove canções do disco, sete eram do antigo Aborto Elétrico. Este é o album mais punk da Legião Urbana e contém em seu encarte, uma breve história da banda. Foi o último trabalho com a participação do então baixista Renato Rocha. Alguns hits da obra são: “Que país é esse?”, “Química”, “Eu sei”, “Faroeste Caboclo” ( que foi uma música que impressionou público e crítica, por ser uma música de mais de nove minutos de duração e que mesmo assim tocou bastante nas rádios) e a calma “Angra dos Reis”.
Considerado por muitos o melhor trabalho da Legião Urbana, As Quatro Estações contém o maior número de hits da banda: são 11 músicas, das quais pelo menos 9 foram tocadas incessantemente nas rádios. Algumas músicas de destaque são: “Pais e filhos”, “Há tempos” e “Meninos e meninas”. É o álbum mais vendido da Legião, vendeu mais de 1,7 milhoes de cópias e é considerado o disco mais "religioso" da banda.
Lançado em Novembro de 1991, V é o disco mais melancólico da Legião Urbana; talvez, só A Tempestade se equivala a ele nesse aspecto. Renato estava em um momento complicado de sua vida, com a descoberta de que era soropositivo um ano e meio antes e o alcoolismo. V é recheado de canções atípicas para os padrões da banda como por exemplo, a atmosférica "Metal Contra As Nuvens", com seus mais de 11 minutos de duração, a densa "A Montanha Mágica", a crítica social de "O Teatro dos Vampiros" e a depressão de "Vento No Litoral". Para boa parte dos fãs mais fervorosos, esta é a obra-prima da Legião Urbana.
O álbum: O descobrimento do Brasil é de 1993, época em que Renato Russo tinha iniciado o tratamento para livrar-se da dependência química e mostrava-se otimista quanto ao seu sucesso. Ainda assim, as letras oscilam entre tristeza e alegria, encontros e despedidas. É como se, para seguir em frente, fosse necessário deixar muitas coisas para trás, e não se pudesse fazer isso sem uma boa dose de nostalgia. Desta foma, é um álbum com fortes notas de esperança, mas permeado por tristeza e saudosismo. “Perfeição” e “Giz” tocaram nas rádios.
Há quem considere este álbum: A tempestade ou o livro dos dias, lançado em 20 de setembro de 2006, o último da banda. Curiosidades: Na capa interna do disco, há um verso que diz "O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo Adeus", e na faixa “Música Ambiente” há um trecho que diz "...e quando eu for embora, não, não chore por mim...", sugerindo uma despedida antecipada. “Dezesseis” foi um sucesso do disco. Renato Russo faleceu 21 dias após o lançamento, em 11 de outubro de 1996.
O Disco póstumo da Banda: Uma outra estação traz gravações feitas do que seria o novo álbum da Banda, mas Renato Russo morreu e a EMI mesmo assim publicou essa obra, em 1997, que tem músicas completamente depressivas, expressando toda a dor quando a pessoa sabe que vai morrer. O último show da Legião Urbana aconteceu no dia 14 de janeiro de 1995, numa casa de shows chamada Reggae Night em Santos, litoral do estado de São Paulo.
O fim oficial da Legião Urbana aconteceu no dia 22 de outubro de 1996, 11 dias após a morte do mentor, líder e fundador da Legião Urbana, o cantor Renato Russo. Apesar de ter terminado há muitos anos, até hoje a Legião continua tendo muitos fãs.

Discografia

Legião Urbana (EMI, 1984)

Dois (EMI, 1986)

Que País É Este 1978/1987 (EMI, 1987)

As Quatro Estações (EMI, 1989)

V (EMI,1991)

Música Para Acampamentos (coletânea de diversas gravações ao vivo) (EMI, 1992)

O Descobrimento do Brasil (EMI, 1993)

A Tempestade ou O Livro Dos Dias (EMI, 1996)

Uma Outra Estação (EMI, 1997)

Mais do Mesmo (coletânea) (EMI, 1998)

Acústico MTV (gravado ao vivo em 1992) (EMI, 1999)

Como É Que Se Diz Eu Te Amo (gravado ao vivo em 1994) (EMI, 2001)

As Quatro Estações Ao Vivo (gravado ao vivo em 1990) (EMI, 2004)