quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Lobão

Lobão nasceu em 1957, no Rio de Janeiro, filho de uma professora de inglês e um mecânico. Pelo lado paterno Lobão é descendente de holandeses. Ele foi casado quatro vezes, e tem uma filha. Também tem uma irmã caçula. Segundo o próprio cantor, o apelido "Lobão" surgiu ainda na escola, devido a ser guloso e à mania de se vestir com um macacão de jardineiro preso por um alça só.
Na vida pessoal, Lobão teve problemas no relacionamento com os pais. Foi expulso de casa pelo pai, aos 19 anos. Levou um cruzado na cara e rebateu com o violão, despedaçando-o inteiro em cima do pai (“...Só sosseguei quando não havia mais violão para continuar batendo.”). Depois disso, a relação dos dois ficou suspensa, “num limbo relacional”. Muitos anos mais tarde, eles tiveram uma bela tarde de sábado juntos. Logo depois, o pai se matou, envenenado. Lobão também carregaria a culpa pela morte da mãe. Após uma discussão, ela (bipolar) parou com os remédios que tomava três vezes por dia — “uma forma sutil e profissional de se matar”, como ele diz. A mãe deixou uma carta responsabilizando-o por sua morte.
Lobão aprendeu a tocar violão e bateria na juventude e aos 17 anos sai da casa dos pais no Rio de Janeiro para virar músico profissional, participando de uma peça com Marília Pêra e logo depois se associando em São Paulo à banda Vímana, ao lado de Lulu Santos, Ritchie, Luis Paulo e Fernando Gama. O Vímana durou três anos e lançou um compacto de rock progressivo chamado Zebra.
Após o término do grupo, Lobão permaneceu como baterista profissional, tocando com Luís Melodia, Walter Franco e Marina Lima. Em 1980 participa da primeira formação da Blitz de Evandro Mesquita e Fernanda Abreu, retirando-se do grupo antes do sucesso por discordar da postura new-wave da banda, antes mesmo do sucesso comercial.
Lobão já havia se decidido a sair da Blitz. Porém, tinha de algum modo, abrir caminho pra sua carreira solo. Ficou sabendo que a banda seria entrevistada por uma revista de grande circulação. Então fingiu que continuaria como baterista da Blitz só para sair na capa. A entrevista já estava agendada, ele falou pelos cotovelos, chamou a maior atenção.
Em seguida, com a revista debaixo do braço e a fita de Cena de Cinema nas mãos, foi bater à porta da gravadora. Vinte minutos depois, já tinha assinado contrato para a carreira solo. Saiu chamuscado da Blitz — e riscado da capa do disco da banda. O que acontece foi que a gravadora da Blitz não quis que os integrantes do grupo lançassem álbuns solos e como Lobão já tinha o disco pronto não quis abrir mão do mesmo.
Finalmente, lança o primeiro disco solo, Cena de Cinema que começou como uma precária fita cassete que chegou à Rádio Fluminense. Tanto sucesso fez que a RCA Victor a comprou e a lançou comercialmente. O destaque vai para a faixa que dá nome ao disco.
Monta em 1984, um grupo denominado LOBÃO E OS RONALDOS que fez shows em Nova York. O grupo tinha na sua formação a cantora e tecladista holandesa Alice Pink Pank, ex - Gang 90 e Absurdetes, além de Guto Barros, guitarrista e um dos fundadores da Blitz. E lança no mesmo ano Ronaldo Foi pra Guerra, com o sucesso "Me Chama". Apesar do estrondoso sucesso de "Me Chama", a banda tem uma vida curta. Outro sucesso importante do disco foi a música “Corações Psicodélicos”.
Lobão segue carreira solo mantendo alta rotatividade na mídia e no ano seguinte, lança sozinho Decadence Avec Elegance com o sucesso homônimo.
Volta à cena em 86 com O Rock Errou, um álbum em que critica a carência de originalidade do rock, e seduz Elza Soares a gravar uma faixa no disco. Despontam desse disco hits como "Revanche". Desse disco também vieram “Noite e Dia” e “Canos Silenciosos”. O último reaproveitado no próximo disco.
Em 1987, Lobão passa um ano na cadeia por porte de drogas. É no local que ele prepara o disco Vida Bandida, que faz enorme sucesso com os hits “Vida bandida”, “Canos silenciosos” e “Vida Louca Vida”. Lobão não gostou do sucesso que esse disco lhe gerou, pois achou oportunista sua ida para a cadeia que fez brotar o interesse do público na sua pessoa. Outras músicas de sucesso foram “Blá Blá Blá... Eu Te Amo (Rádio Blá)” e “Chorando no Campo”.
Depois de sair da cadeia passa a visitar a quadra da Mangueira e se interessar mais por samba e carnaval. Em 1988 seu álbum Cuidado! que mistura samba e rock, não é bem recebido. Músicas de sucesso do álbum foram “Cuidado”, “É Tudo Pose” e “Por Tudo Que For”.
Realizou a primeira reunião de música pop e samba chamando a bateria da Estação Primeira de Mangueira para participar de seu disco e de seus shows. Nos anos 90, participa de festivais como o Hollywood Rock, onde foi uma das maiores atrações, e o Rock In Rio II, onde levou uma vaia histórica.
Em 1989 lança Sob o Sol de Parador com um sucesso de mesmo nome. Desse disco também podemos citar como importantes as músicas “Essa Noite, Não (Marcha a Ré em Paquetá)” e “Azul e Amarelo”. A última uma última parceria com seu amigo Cazuza.
Lança o disco Vivo! em 1990 que é a gravação de seu show no Festival Hollywood Rock (estádio do Morumbi-SP) que foi um dos eventos musicais com muito público. Nesse show cantou grandes sucessos da carreira.
Encerra seu contrato com a BMG com O inferno é fogo de 1991. Teve como principais sucessos a balada "Sem Você Não Dá", o rock "Presidente Mauricinho" (canção direcionada ao então Presidente da República Fernando Collor) e o funk-rock "Jesus não Tem Drogas no País dos Caretas", cujo título alude ao nome do quarto álbum dos Titãs.
Depois de um acidente de moto, fica quatro anos sem compor apenas estudando violão clássico, revivendo a adolescência. Em 1995 volta a compor e lança Nostalgia da Modernidade iniciando uma trilogia que engloba música eletrônica, rock’n’’roll, samba e bossa nova. Do primeiro disco da trilogia destaca-se “A Queda” e a faixa título.
Em 1998 lança o disco Noite centrado basicamente em música eletrônica e com o sucesso “Noite” e em 1999 fecha a trilogia com A Vida é Doce. Do último destacaram-se as músicas “El Desdichado II“, “A Vida é Doce” e “Vou te Levar”.
Suas atitudes polêmicas voltariam a ter evidência em 1999, a primeira grande mudança na vida do artista que em mais uma atitude polêmica briga com as gravadoras e se torna independente. Desse jeito lança seu disco A Vida É Doce nas bancas de jornal sites da internet e megastores como pontos de venda, numerando os CDs e desvinculando o lançamento das grandes gravadoras. Alcança assim uma grande vendagem, se tornando um ícone da música independente no Brasil.
Participa de grandes festivais independentes como Porão do Rock (Brasília), Fórum Social Mundial (Porto Alegre), Abril Pro Rock (Recife) e Goiânia Noise, além de dar início a uma produtiva turnê de mais de trezentas palestras em universidades e rádios comunitárias do Brasil.
Lobão repete o feito em 2001, lançando o cd “Lobão 2001 – Uma Odisséia no Universo Paralelo”, com o hit “Universo Paralelo” em um show exibido pelo canal Multishow tornando assim a marca Universo Paralelo, reconhecida no mercado fonográfico como um dos marcos do mercado independente brasileiro.
Após o sucesso da vendagem e de crítica com seus discos independentes volta a se destacar como agitador cultural em 2003, lançando a revista “OutraCoisa”, em parceria com a L& C Editora. A revista traz participações de grande artistas e pensadores de nossa cultura contemporânea e lança um disco de artista independente a cada número com textos de José Celso Martinez, Angeli , Laerte, Adão Iturrusgarai , Marta Medeiros, entre muitos outros. Encerrou atividades em 2008. Mas lançou trabalhos importantes de BNegão, Cachorro Grande, Monbojó e Vanguart. Segundo Lobão, a revista encerrou suas atividades pelo fato do surgimento de uma lei, que não permitia a venda de CDs com revistas.
Seu último disco de estúdio, “Canções dentro da noite escura”, lançado em 2005, foi também lançado pela revista com tiragem inicial de 21.000 exemplares. Destaques para "Você e a Noite Escura", "A gente Vai se Amar", "Quente", "Pra Sempre Essa Noite".
Em abril de 2007, lançou o álbum “Acústico MTV” que foi premiado com o prêmio Grammy Latino na categoria melhor disco de rock, e como o próprio Lobão caracterizou, foi uma seleção "parcial" de sucessos do músico, contando, inclusive, com a participação especial do grupo cachorro Grande, lançado na OutraCoisa, na música “A Gente Vai se Amar”.
No final de 2010, o cantor lançou sua biografia “50 anos a mil” com o jornalista Cláudio Tognolli. O livro conta histórias inéditas e conhecidas sobre a vida do músico, além da letra de duas novas canções, “Song for Sampa”, em homenagem a São Paulo e “Das Tripas, Coração”, em homenagem a seus amigos Júlio Barroso, Cazuza e Ezequiel Neves. Também conta suas histórias da juventude e suas mais loucas experiências como músico.
Junto com seu livro, Lobão, em parceria com a Sony Music, montou um box com três CDs mais o DVD do “Acústico MTV” contendo as canções mais significativas dos 10 primeiros anos de sua carreira, todas as músicas escolhidas por ele e remasterizadas pelo produtor americano Roy Cicala, famoso por trabalhar com grandes nomes do rock mundial, como John Lennon e Jimmy Hendrix.
Em meados de 2011, prestes a completar um ano de lançamento, 50 Anos a Mil chegou a marca de 100 mil exemplares vendidos. No mesmo ano, Lobão excursionou com a turnê "Elétrico 2011", que gerou o CD E DVD “Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal” (Ao Vivo em SP), gravado em outubro de 2011, no Citibank Hall, em São Paulo. O registro foi lançado e distribuído pela Deckdisk no final de 2012.
Em 2012, começou a escrever um novo livro, intitulado “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”, lançado em 2013. No livro, o autor aborda o "estado de paralisia" em que se encontra o Brasil. Lobão leva o leitor a pensar por conta própria e prova ser possível – e necessário – divergir com elegância. Do seu ponto de vista original, Lobão traça uma jornada tragicômica pela estética e a política do Brasil contemporâneo.

DISCOGRAFIA

Cena de Cinema (Bmg,1982)

Lobão e os Ronaldos (BMG, 1984)

Decadence avec Elegance (single) (BMG, 1985)

O Rock Errou (BMG, 1986)

Vida Bandida (BMG, 1987)

Cuidado! (BMG, 1988)

Sob o sol de Parador (BMG, 1989)

Vivo! (BMG, 1990)

O inferno é fogo (BMG, 1991)

Nostalgia da Modernidade (Virgin, 1995)

Noite (MCA Records, 1998)

A Vida É Doce (Universo Paralelo, 1999)

Lobão 2001_ Uma Odisséia no Universo Paralelo (Universo Paralelo, 2001)

Canções de uma noite escura (Universo Paralelo, OutraCoisa, 2005)

Acústico MTV (Universo Paralelo, Sony BMG, 2007)

Box – 81 – 91 + DVD Acústico MTV (Sony Music, 2010)

Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal (Universo Paralelo, Deckdisk, 2012)