quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Perfil de um jornalista: dos botões para a televisão

Ninguém poderia imaginar que um garoto que narrava jogo de botão e se entrevistava se transformaria num jornalista conceituado. Pois é, 29 anos depois Fábio Azevedo, jornalista formado na Faixa (Hélio Alonso), tem entre suas principais atividades: professor acadêmico da UCAM e Hélio Alonso, repórter da TV Bandeirantes (Jogo aberto Rio) e editor do site do Fluminense Football Club.
Fábio, na entrevista, fala da educação Superior no Brasil em geral: “Os alunos e professores estão se preparando bem. As faculdades públicas vêm paulatinamente perdendo espaço para as particulares, pois precisam dos investimentos do deficitário Estado brasileiro.”
Azevedo acha que o sistema de cotas é necessário, mas atesta que mais da metade dos alunos egressos de cotas não concluem o curso, pois têm uma base educacional deficitária. O professor afirma que só com investimentos fortes na educação brasileira, da alfabetização até o Ensino Médio, seria possível reverter esse quadro.
O repórter foi expulso do Vasco da Gama, o seu time de coração. A razão foi uma entrevista realizada pós-final Campeonato Carioca de 2004 com o presidente do Vasco, Eurico Miranda, que não estava gostando dos rumos da entrevista e o agrediu. Azevedo o processou por essa agressão e desde então não entra mais em São Januário.
O jornalista tem Pelé como maior ídolo no futebol. Ele acha que os maiores jogadores brasileiros de futebol em atividade são Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Quando analisa no âmbito nacional, pensa um pouco, mas se lembra de Rogério Ceni. Aponta como os maiores nomes no rádio brasileiro: José Carlos Araújo e Sidney Rezende. Na TV, para ele Luis Roberto é um grande narrador e Falcão, um ótimo comentarista. Mas a pessoa em que ele se espelha no jornalismo é Tino Marcos.

“O JORNALISTA PODE E DEVE SE EMOCIONAR”

ENTREVISTA
Aydano André Motta



Aydano André Motta afirma que o jornalista como ser humano que é, pode passar parte de suas emoções nas matérias mostrando indignação ou outro sentimento qualquer perante um assassinato, por exemplo.

Milan Moraes Benes

Aydano é um niteroiense com 22 anos de carreira no jornalismo e que não tem vergonha de dizer o time que torce: Flamengo. Ele trabalhou nas seguintes mídias impressas: O Fluminense, onde começou a carreira, O Dia, JB (três vezes), Veja, Isto É, O Globo (onde trabalho até hoje), Bravo!, República. O jornalista, formado na UFF, atualmente se encontra no canal Sportv e um dos programas que conta com sua participação é o Redação Sportv.

Milan: Existe paixão na nossa profissão?
Aydano: A profissão é, sim, apaixonante. A paixão, aliás, é o que nos faz trabalhar nisso. Não há outra razão, porque ninguém honesto fica rico com jornalismo.

M: Vamos falar agora sobre a dicotomia razão e emoção no Jornalismo.
A: O jornalista pode e deve se emocionar. Caso ele seja frio, não passará a informação em várias matérias. Quando a polícia larga uma adolescente numa cela com 20 homens, como nesse caso do Pará, o jornalista tem dever de se indignar. Se não, ele não transmitirá a informação na sua plenitude.

M: Dê sua opinião sobre o jornalista dizer para qual time torce.
A: Sou totalmente a favor. Se gostamos de futebol a ponto de trabalhar com o tema, é porque temos time. E o fato de torcer por um time não nos tira a credibilidade ou a isenção. Pelo menos dos bons jornalistas.

M: A Carga horária extensa do Jornalismo afasta os profissionais do ramo, da família?
A: Mais ou menos. A carga horária não é tão intensa assim. Temos uma jornada de 8, 9 horas por dia. Conheço gente de outras profissões que vive uma rotina mais pesada. Nosso problema é o horário, muito diferente dos outros. Na maioria, começamos na hora do almoço e saímos às 22h. Por isso, acabamos casando entre nós.

M: Existe preconceito de quem faz economia e/ou política com quem faz esporte?
A: Uma amiga minha costuma dizer que na pré-história, o mundo era uma grande editoria de esportes. Na verdade, houve, mas em outras gerações, décadas atrás, quando jornalistas de cidade e de esporte eram intelectualmente toscos. Hoje, mudou, evoluiu. Somos todos iguais.

M: Mesmo trabalhando em TV a cabo, o jornalista atinge uma boa repercussão junto ao público acerca dos comentários que faz?
A: Sim. Muita gente me pára e comenta meus comentários. Especialmente à noite, em botequins, escolas de samba, etc.

M: Qual é o seu jornalista favorito na TV?
A: Caco Barcellos. Porque faz na TV um jornalismo com responsabilidade social e voltado para a busca de conteúdo.

M: E no jornal?
A: Dois: Elio Gaspari, O melhor jornalista brasileiro, além de ser uma inteligência superior e Ricardo Kotscho que é o melhor repórter que já vi, um dos maiores que o Brasil já teve.

M: E qual o seu narrador de futebol favorito na TV?

A: Luís Roberto. Porque alia um bom estilo de narração ao mais importante: muita informação.

Depoimento do amigo e dentista: Milan Bohumil Benes

“Ele é um cara legal e de excelente coração. Sempre escreveu e falou muito bem. Sua mãe, Penha, e amigos dele, já previam desde cedo o seu futuro sucesso. Aydano só possui um defeito: ser flamenguista doente.”